30 anos sem Elis Regina


Nascida em 17 de Março de 1945 em Porto Alegre, Elis Regina de Carvalho Costa é considerada por muitos críticos a maior intérprete da música brasileira de todos os tempos.
Elis Regina era dona de uma inigualável e versátil voz, acompanhada de performances de palco perfeitas, além da personalidade única que tanto a caracterizou.
Influenciada por grandes nomes como Francisco Alves e Dolores Duran, a garotinha estrábica mostrava a vontade de ser estrela desde pequena. Aprendera piano em uma escola da prefeitura de Porto Alegre, porém abandonara a ideia de ser pianista quando chegara a época de ir para o conservatório, pois não tinha condições financeiras para ter um piano em sua casa. Devido a isso Elis optou por treinar a própria voz e torná-la seu próprio instrumento, já que esta não precisava ser comprada.
Elis  Regina
Elis passou a cantar em reuniões familiares. Com sete anos de idade sua mãe, Dona Ercy, decidiu levá-la para participar do programa de rádio em Porto Alegre  “O  Clube do Guri”. Devido à timidez de Elis, tal inicial participação não fora possível, já que linda voz da cantora não saiu.
Cinco anos depois a garotinha pediu uma nova chance para a mãe e voltou ao programa. Sua voz impressionou de tal forma, que Elis passou a ser a atração principal e assistente do locutor  e apresentador Ary Rego.
Aos 13 anos, Elis já era a atração principal em Porto Alegre assinou seu primeiro contrato com a Rádio Gaúcha e ganhou seu primeiro cachê, na época de 50 Cruzeiros por mês, que contribuiu muito para a renda familiar.
O início da carreira de Elis só foi possível graças a um trato entre a cantora e sua mãe: Elis não poderia descuidar-se dos estudos,  o que foi corretamente cumprido. Elis Regina tinha sua carreira em ascensão e as melhores notas em boletins escolares.

Sua saída de Porto Alegre se deu aos 15 anos de idade, quando junto ao pai, o senhor Romeu, viajou para gravar o seu primeiro LP, Viva a Brotolândia, em que Elis foi tida como instrumento principal para a luta contra grandes interpretes da Jovem Guarda como Cely Campelo, o que não agradou muito a garota, já que queria mostrar o seu próprio estilo e percepção musical sem copiar ninguém.
Elis tornou-se enfim  uma cantora consagrada ao vencer o Festival da Música em 1965, interpretando o grande sucesso Arrastão de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Não demorou muito para fosse contratada para apresentar o famoso programa “Os dois na Bossa”, junto com o amigo, Jair Rodrigues, e a seguir “O fino da Bossa” sendo então a cantora mais bem paga do momento.
A carreira de Elis passou então a deslanchar, o que nada atrapalhou sua vida pessoal. Elis casou-se  em 1967 com o produtor Ronaldo Boscôli, o que muito surpreendeu a imprensa, já que os dois eram tidos como inimigos jurados. Deste casamento Elis recebeu o prazer de ser mãe pela primeira vez, João Marcelo Boscôli nasceu em 1970. O casamento chegou ao fim em 1972.
Elis e seus filhos João Marcelo, Maria Rita e Pedro
No mesmo ano, Elis casou-se com Cesar Camargo Mariano, pianista que a  acompanhava desde 64. Cesar foi importantíssimo para a vida profissional da cantora, já que não foi apenas seu marido, e sim parceiro Musical de Elis, responsável pelos belíssimos arranjos que deixavam a obra da cantora ainda mais rara. Com César, Elis teve dois filhos, os cantores Pedro Camargo Mariano e Maria Rita, que pouco conviveram com a mãe, mas que trazem belas lembranças suas. O relacionamento durou nove anos, terminando de forma intempestiva seis meses antes do falecimento de Elis.
Cesar Mariano terminou a educação não apenas dos filhos que teve com a cantora, mas também de João Marcelo Bôscoli, o primogênito.

Elis foi responsável pela apresentação de grandes compositores como Gilberto Gil, Edu Lobo, João Bosco e Milton Nascimento, que eram anônimos até cederem músicas para esta grande cantora.
Elis teve a infelicidade de não ser a primeira a gravar Chico Buarque, embora tivesse tido a oportunidade. De acordo com ela, o primeiro contato que tivera com o compositor não foi satisfatório, Chico mostrou-se extremamente calado e mal dialogou com Elis, embora tivesse belo repertório musical. Elis que ainda não conhecia a personalidade tímida do cantor, acreditou que  este não tivesse simpatizado com ela. Nara Leão então ficou com grande parte do Repertório apresentado a pimentinha. Anos depois, Elis pode então imortalizar Atrás da Porta de Chico Buarque, ainda se lamentando pelo belo repertório que perdera de interpretar.
Elis também foi responsável por grandes musicais, como Falso Brilhante, que unia a música ao Circo e Transversal do tempo  além de ter sido a escolhida por João Bosco e Aldir Blanc  para interpretar  o hino da Anistia Brasileira pós ditadura, O bêbado e o Equilibrista que recebia de volta a pátria Brasileiros oprimidos e expulsos pelo regime militar.
Elis Regina foi um grande nome não apenas em solo brasileiro. Em 1978 pode representar o Brasil no Festival de Montreux, juntamente com Caetano Veloso e Rita Lee. A cantora islandesa Bjork , influenciada pela cantora e fã assumida, chegou a visitar o Brasil com o único intuito de conhecer os três herdeiros da cantora, João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita.
Esta grandiosa cantora deixou-nos há 30 anos, em 19 de Janeiro de 1982. O Brasil recebeu de forma impactante  a noticia de sua morte, mas isso não silenciou sua carreira. Elis Regina ainda é o nome que mais vende na indústria fonográfica brasileira, influenciando gerações e tendo deixado grande legado a história da música brasileira.








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